domingo, outubro 17, 2004

Lágrimas e Aprendizagem

Quando algo de inesperado ocorre na nossa vida, e com ele vem o sofrimento...

O que fazemos nós?...

Uns dirão que tiram as suas conclusões da situação e seguem em frente...
.... outros, que vivem numa perpétua reflexão de todas as suas experiências, tentado perceber o que provocou tal sofrimento e evitar que este se repita...

Pois bem... ele volta sempre!!!

De uma forma ou de outra ele volta sempre...

Mas qual será a pior dor?

A fisica ou a mental???

...

A dor física estará sempre em constante repetição ao longo da nossa vida...
Mas terá de ser assim com a nossa dor mental???
Não seremos nós capazes de ultrapassar o nosso sofrimento psíquico e afastar os fantasmas que nos assombram a alma?
Será que o sofrimento Mental não existe apenas na condição Humana (ou se preferirem na condição de ser Racional)??
Se tivermos a Inteligência Emocional suficiente não será possivel controlar esse sofrimento e atenuá-lo até a extinção?
Porém a imagem do "homem forte" não será a melhor solução...
Manter o sofrimento dentro de nós sem o deixar transparecer aos outros parece uma solução viável?
Talvez a melhor solução seja a de tentar compreender o porquê de sofrer-mos com esta ou aquela situação e tentar lidar com ela da melhor forma possivel... tentanto mostrar ao nosso Intelecto que só existe dor se nós pensarmos desta ou daquela forma...
Não será a abordagem que temos dos temas, que nos fazem sofrer???
Por exemplo em algumas tribos do Continente Asiático, a Morte dos entes queridos é celebrada, visto que eles acreditam que os seus entes queridos vão para um Lugar melhor e assim sendo há que celebrar e ficar contente por eles... Também os corpos são queimados e reduzidos a cinzas que depois são espalhadas pela natureza para que esse ente querido possa descansar em paz e para que o seu corpo volte de novo ao sitio de onde veio...

As crenças sobre este tema por cá não são muito diferentes... porém as pessoas teimam em viver um drama quando a dita "tragédia" se abate sobre a vida delas...
Não é isto uma contradição?
Como é possivél que alguem que acredita que o seu ente querido rumou à felicidade eterna possa entrar em depressão e tentar por vezes o suícidio por nao aguentar tal "sofrimento"...?

Não será que o sofrimento psíquico reside apenas na abordagem que temos dos temas?
Poderia alargar-me em inumeros exemplos que reflectem o que quero dizer tal como a "traição amorosa" , " a perda da virgidande", "a morte"... mas penso que ja demonstrei o meu ponto de vista!




Entrando agora num campo mais pessoal... :

Fez ontem 3 meses de que recebi a Noticia da Morte da minha Mãe.

Hoje essa mesma noticia continua tão irreal como nesse dia... porém desde a altura que vi o cadáver que sei que é Real. Nesse momento todas as esperanças de que tal coisa não fosse verdade se desvaneceram...

A situação complica-se ainda mais por as minhas crenças religiosas serem... nenhumas... abosolutamente!

Sei porém que ela existe dentro de mim na minha memória e no meu sangue e que o nosso Amor não depende da Imortalidade de nenhuma das partes...

Tentar perceber o porquê do Inevitavél ou culpabilizar algo ou alguém só serviria para alimentar o meu sofrimento... sofrimento esse que quero e vou extinguindo... aos poucos!

...

Dizem que os homens nao choram...
Não???

Eu... Sim!!!

Foi com a água das minhas lágrimas que extingui essa dor...

Não entendo até hoje o porquê de teimar em manter o sofrimento dentro de nós em vez de o Libertar... !?



Dedicado a memória de Irene Deolinda Araújo (1955-2004)
Amo te!!!

6 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Não devemos permitir que o passado nos prenda de tal forma que não nos deixe viver o presente ou pensar no futuro, mas a verdade é que quando a realidade nos dá um estalo e nos confrontamos com a morte nomeadamente, ficamos em estado de choque, achamos impossivel termos sofrido a perda de uma pessoa que amamos e que sempre tivemos ao nosso lado, isso é simplesmente irreal. Sou da opinião que devemos ficar gratos pelo tempo que passamos com essa pessoa ao invés de lamentarmos a sua perda, mas falar é bem mais fácil, sempre o foi. Ouvi na telenovela no outro dia uma coisa semelhante à que dizes, que as lágrimas funcionam como sabão que limpa as manchas do sofrimento da nossa alma, concordo que talvez seja mais fácil para umas pessoas do que para outras aceitar a morte e lidar com ela, dependendo das suas crenças, mas mesmo assim não penso que exista alguém que não sofra com a morte de um ente querido. Como tu próprio disseste todo o ser humano tem o seu quê se egoísta ou não fossemos nós seres imperfeitos num mundo imperfeito, mesmo os que dizem acreditar que existe algo de maravilhoso depois da vida, sofrem. Com estas vivências aprendemos a explorar novas maneiras de lidar com a perda e de a aceitar, e é disso que a vida se trata, de um acumular de experiências a partir das quais nos devemos tornar mais fortes, como tu também já disseste, devemos ter orgulho das nossas cicatrizes. Relembrar quem amamos é a melhor forma de os mantermos vivos, sem dúvida.

Vera ****

3:37 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

sem duvida que a dor mental doi muito mais. as xs com consequencias muito mais desastrosas que a fisica. com feridas que podem n sarar.
Mas tb muitas xs essa dor depende da nossa abordagem.Ha quem tenha tendencia para sentir demais, e como tal magoar-s demais.
Uma perda como a tua causa um grande impacto para nos, especialmente porque perdemos algo que nos é essencial, e ver-mo-nos assim d repente sozinhos e desamparados, sabendo k n ha volta possivel, assusta, angustia e fere..muito.
Mas creio que é como ja disseram, continuara a viver dentro d nos e em tudo o que nos proporcionou, quer d bom, quer d mau, e desse modo nunca desaparecera por completo. =)
desejo-t toda a força deste mundo .

[outro detalhe, gostei da forma como escreveste este post, a força e emotividade que demonstraste, n consegui parar d ler, embora seja algo muito pessoal. n sei s sera adequado ma sos meus parabens]

Mary [www.fotolog.net/vampiria_]

10:32 da tarde  
Blogger SweetSerenity said...

O grau de sofrimento depende sempre da forma como o encaramos. Todos passámos por ele e continuo a acreditar que é a forma mais eficaz de aprendermos. Se o encarassemos com uma atitude mais positiva seria mais suportável, mas isso tambem se torna muito difícil nas alturas em que o sofrimento nos parece interminável ou demasiado profundo que nos consome até nos deixar de rastos, sem força para mais nada e com vontade de desistir de tudo. Tudo depende da maneira como enfrentamos a vida... Com atitudes derrotistas e pessimistas torna-se difícil superar os obstáculos que se nos deparam ao longo do nosso caminho. Tropeçar faz parte da nossa vida, é algo a que não pudemos fugir, porém é possível diminuir a dor da queda com certas atitudes. Se não podemos extinguir algo podemos sempre modificar esse algo, interpretando de maneira diferente.
Ainda bem que conseguiste ter uma interpretação do teu sofriemento que te causou menos dor...É sempre triste a perda dum ente querido e é preciso muita força de vontade e coragem para conseguirmos avançar e deixar o passado repousar pacificamente nas nossas mentes.
Gostei muito do teu texto (já to disse) e peço desculpa por não ter comentado mais cedo, mas não consegui e mesmo agora fiquei um pouco sem palavras para dizer o que estou a pensar. Continua a escrever porque é muito bom lê-lo :) Cata**

4:04 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Será ke vale a pena eu comentar?
Sem dúvida entendes o pq ... mas eu identifikei.me bastante com este texto ...
Restam-nos memórias ... memórias k por vezes me servem d analgésiko á alma ... outras akabam por me aturmentar ... mas seja komo for ... s hj sou akilo k sou ... foi é é td graças ás situaçãos e memórias k m restam ...

Bem ... tlvz n seja o lugar mais próprio mas vou.t deixa o final dum poema k eskrevi...

"Despedi-me dela com um adeus
Para sempre, até á eternidade.
Não respondeu - nem po Lúcifer ou Deus.
Será que me tenho de despedir
De ti com uma constante saudade?
Apenas uma lição aprendi: o que vai não torna a vir! "

Dskulpa mas foi uma especie de desabafo ...

With love *
Cemy

7:40 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

neste momentos é dificil de dixer alguma coisa pois as vexes um "lamento" doí mt... Os homens que não choram são os fracos e tu es muito forte por admitir k choras e conseguires libertart da dor mts não o conseguem... poxot dixer k este teu texto comoveume imenso pois nc me aconteceu nd igual ou parecido e nao sei a imensidão da dor nestas alturas mas talvex por te adorar tanto eu xore ctg eu sofra ctg pois não estou só nos momentos bons mas tb nos maus... Kero k saibas k vou estar sempre ctg!!!!
Beijos eternos
Violeta
"Pecar pelo silêncio quando nós deviamos protestar faz de nós uns cobardes"- Ella Wheeler Wilcox

5:20 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

"Pois bem...ele volta sempre!!!
De uma forma ou de outra,ele volta sempre.."


Disseste-me uma vez:
"Só um grande amor substitui outro grande amor",
Eu acreditei!
Vejo agora que me mentiste,
No meio dos silêncios da casa,
na ausência funebre da tua presença - te perpectuo
Não sei se por necessidade minha ou tua.
Sinto tanto..tanto a tua falta!

O tempo não apaga nada,
Outra mentira!
A dor sempre volta,
Volta sempre com bisturi e gestos cirúrgicos.

Desde o sinal das auroras aprendi a plenitude da palavra Mãe
e, as orquideas reproduzem-se com dificuldades.
Quem vai substituir este grande amor, mãe?
Responde-me!

Aqui jaz uma alma de amor (os restos mortais de...)

"Orquidea" é o nome da minha mãe.

10:09 da tarde  

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