quarta-feira, dezembro 01, 2004

As Ultimas Palavras...


Estou cansado demais de lutar contra o inevitável...
Porquê adiar o que não pode ser adiado..?
Porquê não enfrentar já o destino que todos tememos... e ansiamos... ?


Estas podiam ser as ultimas palavras de alguém decidido a por termo a sua própria existência ...

E há algum tempo atrás elas seriam causadoras da libertação de uma raiva negra e profunda no meu interior emocional...
Contudo algumas situações deram me que pensar:

Será uma pessoa capaz de por cobro à sua própria vida de ânimo leve?

Apenas me ocorrem três possibilidades:

Doença psíquica, desespero extremo, ou algum tipo de crença religiosa.

Poderemos compreender os motivos quem têm questões clínicas por trás de tal acção..?
...ou cada caso será um caso....!?

Seremos capazes de entender o que leva alguém a "sacrificar" se a si próprio por uma questão moral ou religiosa...?
Será censurável a decisão de alguém em por aquilo que acha de mais sagrado acima de si próprio ou mesmo dos outros...?

E estará ao nosso alcance aceitar que uma vitima do desespero extremo acabe com a sua vida..?
esta situação torna se ainda mais complicada se a mesma pessoa nos for próxima...
Não será um acto de egoísmo pedir a alguém que não encontra mais razão para viver, que viva por nós ou para nós..? afinal se fossemos motivo suficiente essa pessoa tomaria essa decisão?

Obviamente muitos vezes o desespero será temporário e poderá ser ultrapassado com apoio psicológico, afinal muitas vitimas de suicídio estarão apenas a "gritar" "ajuda-me"...
ou será possível que alguém que se pretende matar não de o faça de forma instantânea e sem prévio aviso... em deterimento de uma forma prolongada e com possibilidade de intervenção de terceiros e muitas vezes ainda acompanhada de carta...

Ainda dentro destas questões poderíamos incluir o tema da Eutanásia em que pessoas que têm pelo fim da sua qualidade de vida ou de plena consciência preferem antecipar o seu fim por alguns breves ou não .... instantes para reduzir o seu sofrimento ... e o dos seus...



Sabendo que toquei em feridas muito abertas da sociedade e em temas "escaldantes", queria apenas deixar algumas questões que ainda me acompanham sobre esta questão...

Não será que a solução de muitos casos passa pela prevenção através da compreensão em vez da censura (pensem MUITO nisto...)

e por fim mas não menos extremamente importante...


Se a vida é um direito nosso, a nossa morte não o será também...?



5 Comments:

Blogger Perséfone said...

Não consigo imaginar o suicídio como uma uma atitude tomada de ânimo leve. Muito pelo contrário. Cobardia? Acho que não. Desespero? Talvez. Cansaço? Sim. É egoísmo da parte deles privarem-nos da sua companhia sem sequer nos deixarem despedir, sem nos darem justificação. Mas.. não será maior o nosso egoísmo ao desejar que continuem a viver por nós? Ou ao condená-los desconhecendo? A vida não faz sentido quando é vivida unicamente para os outros. Devemos desejar, ter prazer em viver para nós mesmos. É díficil vermos quem amamos auto destruir-se, quer seja definitiva ou lentamente. Não poder fazer nada para o evitar é o pior sentimento do mundo, é um sentimento de impotência absurdamente agoniante. Asfixia, magoa. Compreensão e respeito são as melhores formas de ajuda, eu ajudo, eu esforço-me, eu tento... Esforçem-se, tentem, ajudem.. não condenem, não menosprezem o sentimento de ninguém, não lhe fechem os olhos, não ridicularizem. Eu compreendo e respeito por muito que me custe ou revolte. Afinal se a vida é um direito nosso, a nossa morte não o será também...?

Custa, custa muito, dilacera-nos por dentro, mata-nos lentamente, mas a decisão não é nossa, e às vezes é tarde demais.

Entendo sem entender.

Um Abraço forte e um Beijo *

5:06 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Eu axo k tu consideras o suicidio 1 desperdicio de energia.
e não será, kem pode dizer se esta certo ou errado ?
São td opções.
1 abraço -> Zeus

9:58 da tarde  
Blogger Unknown said...

"Poderemos compreender os motivos quem têm questões clínicas por trás de tal acção..?
...ou cada caso será um caso....!?"

O mal dos psicólogos convencionais... Numa ciência que se diz experimental, NUNCA um caso é só um caso...
Há padrões, comportamentos repetidos e repetições de comportamentos...
E é nesses que devemos concentrar esforços...
todo o teu post foi organizado nestas ideias, pelo que um bom psicólogo o deve encarar apenas como filosofia...
E a tua necrosofia, essa, dá sempre que matutar.

Desculpa já cá não vir há tempos, mas tempo é coisa que quase desconheço... Ou desconheço...

Um abraço,

Pintelho

3:17 da tarde  
Blogger SweetSerenity said...

É para ti a morte a escuridão total, a ausência de sentimento e consequentemente sofrimento, o nada que muitos gostam chamar?

"Será uma pessoa capaz de por cobro à sua própria vida de ânimo leve?" - eu não acredito em tal coisa... penso que até aquele que tem as maiores intenções suicídas, treme perante o gatilho, os compridos... pensa e repensa quando se lança duma janela... não é fácil acabar como o que te habituas-te ao longo dos anos, não acho que seja fácil acabar com um corpo cujas marcas revelam história, uma história criada pelas tuas mãos.

Poderá ser-nos muito difícil compreender o que levou determinada pessoa a cometer esse acto, mas qualquer que seja a situação que por ela tenha passado, acredito que suicído é desistência e não digo isto de forma positiva; desistir não devia fazer parte dos planos de ninguém.
Desistir da vida... e se a morte for apenas uma passagem e o sofrimento continuar na "outra dimensão"? Terá valido a pena o desperdício da oportunidade de conviver com as pessoas que consideramos queridas? Acredito que nascemos por alguma razão... acredito em reencarnação. Por isso, para mim, o suicídio é um acto de cobardia (se bem que a palavra pareça demasiado forte); é um acto de desistência e de privação de evolução. Creio que somos postos neste mundo para evoluirmos, superando as provas que nos são apresentadas diariamente. Quando é que pudemos pensar que já não damos mais? Que já não temos capacidades? Como sabemos isso se nunca nos chegamos a conhecer realmente? ...

Bem sei que demorei bastante tempo para comentar este teu texto muito interessante, mas não me sentia inspirada para falar sobre este assunto durante este tempo que passou. E talvez não tenha dito o que queria da maneira como o queria. Peço desculpa se fui rude na escolha das palavras, mas foi as que encontrei para melhor me justificar. Também sei que o comentário ficou enorme :S

Beijo* e desculpa pela demora... mas eu disse que comentava e assim o fiz :)

11:57 da tarde  
Blogger Mália said...

A questão do suicídio ser visto como um acto de cobardia ou de coragem é muito relativo, depende de tantas coisas. Evidentemente que quando falamos de problemas clínicos é muito natural que mais tarde ou mais cedo resulte no que o doente pretende, mas também nem sabemos até que ponto o paciente tem a noção do que irá acontecer, pois vai depender muito do tipo de doença que esta associado. Independentemente do que motiva o desejo que terminar com a própria vida, creio que todos os motivos serão validos pois cada um sabe o que sente (ninguém sente da mesma forma) e o que pretende no entanto quando alguém próximo de nós pretende fazê-lo ou consegue mesmo chegar ao seu objectivo torna-se complexo aceitar... parece que não somos importante o suficiente para a pessoa continuar a ter gosto em viver... será com certeza um acto de egoísmo, mas não será também da nossa parte se queremos que a pessoa só continue a viver porque não queremos perde-la??!! Enfim, é complexo, é difícil de aceitar, é difícil de compreender mas para quem toma a decisão não deve ser nada fácil... No entanto acredito que quando já não sentimos prazer nas coisas, não temos objectivos nenhuns, não deve ser fácil continuar...
Concordo que podem haver muitos indícios e que é preciso estamos atentos, às vezes pode ser para chamar a atenção outras nem por isso... Curioso que hoje falei sobre este assunto com uma pessoa que, infelizmente, não me parece que esteja apenas a querer dar nas vistas e realmente preocupa-me...
Sobre a eutanásia, já que se levantou um pouco esse assunto, sou totalmente a favor, se me encontrar numa situação em que já não queira viver e não possa ser eu a terminar com a minha vida, espero ter possibilidade de ter algum apoio para o poder fazer.

Amália
Beijos

12:28 da manhã  

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